Todos nós já precisamos enfrentar o monstro do estresse em algum ponto de nossas vidas: seja por conta do trabalho, das demandas cada vez maiores de uma empresa própria ou até mesmo das nossas vidas pessoais.
O que muitos não sabem é que o estresse, se não tratado, é um problema que pode gerar ainda mais problemas. Ele pode ter um impacto altamente negativo no sono, o que inevitavelmente afetará o seu desempenho – e aumentará ainda mais o seu nível de estresse.
Mas não basta entoar o velho mantra do “estresse faz mal”; afinal, essa visão simplista não nos levará a lugar algum.
A nossa relação com o estresse é infinitamente mais complexa. Por isso mesmo, precisamos ir além das fórmulas tradicionais para combatê-lo: precisamos entender, administrar e controlar esse monstro para que possamos ter vidas mais produtivas.
De onde vem o estresse?
De acordo com o psicólogo Walter Cannon, pai do conceito “luta-ou-fuga”, a função primeira do estresse é a autopreservação.
Em vários casos, o estresse não é mais do que uma resposta aos desafios ou ameaças que nos atingem – e nem sempre é algo negativo. O estresse pode afetar a química dos nossos cérebros de modo a aumentar nossos níveis de atenção e as nossas atividades cognitivas, e até mesmo aprimorar os nossos sentidos.
Mas em outras circunstâncias, especialmente naquelas em que não há nenhuma finalidade prática para a sua existência ou então em situações nas quais ele perdura por mais tempo do que o necessário, o estresse pode ter consequências negativas.
"O estresse nada mais é do que a nossa resposta aos estressores: desafios, reais ou não, que impedem o nosso funcionamento diário."
Os estressores podem ser de origem externa ou interna:
- Os estressores externos são as mudanças no ambiente ou nas condições de trabalho; aquelas tarefas desconhecidas e assustadoras que precisam ser realizadas, ou então eventos que não podem ser controlados por você – como prazos, dias chuvosos ou contas com vencimento próximo.
- Os estressores internos, por sua vez, são compostos por pensamentos ou comportamentos: a qualidade das refeições e do sono, bem como sentimentos de raiva ou ansiedade.
Contudo, é importante destacar que o estresse não tem uma só face. Na verdade, ele pode ser dividido em dois tipos: estresse agudo e estresse crônico.
Os superpoderes do estresse agudo
Você conhece esse tipo de estresse. É aquele que deixa você a mil quando um desafio animador e empolgante cruza o seu caminho – e que pode ser extremamente útil caso exista uma ameaça real, com sérias consequências (como um prazo importante, por exemplo).
Se você é da turma dos procrastinadores, é bem possível que já tenha vivido os seus momentos de estresse agudo (ou que já esteja viciado na sensação que ele provoca). O que também quer dizer que você já esteve cara a cara com um prazo assustador. Para os procrastinadores, as restrições de tempo não passam de um dos “estressores” que geram um estresse produtivo.
No entanto, episódios frequentes de estresse agudo – algo especialmente comum para pessoas com estilos de vida caóticos – podem estimular a mente humana em excesso, gerando distrações, baixa produtividade e esgotamento.
O impacto negativo do estresse crônico
Este é o nosso velho conhecido: o estresse ruim. Aquele que vai nos esgotando ao longo do tempo e costuma ser o resultado de um ambiente precário ou negativo, como um emprego deprimente, uma relação amorosa tóxica ou dificuldades financeiras.
O estresse crônico pode afetar a qualidade do nosso sono e até mesmo acelerar o processo de envelhecimento. É claro que nem sempre é possível controlar ou reduzir as fontes de estresse crônico das nossas vidas – mas o estresse, como foi mencionado anteriormente, é o modo como reagimos aos elementos estressores. E isso é algo que podemos controlar, ao menos até certo ponto.
Estresse bom e estresse ruim
Nem todo estresse é um monstro de sete cabeças.
Algumas pessoas são extremamente produtivas em situações estressantes, e precisam dessa pressão justamente para que possam realizar suas tarefas; outras precisam planejar com antecedência para que possam eliminar essa pressão desnecessária. Na verdade, não há abordagem certa ou errada. O importante é que você não só saiba como o seu corpo e a sua mente reagem ao estresse, mas também conheça a tarefa que está por vir.
Ainda que uma pitada de estresse possa ajudar na produtividade de algumas pessoas, é importante notar que algumas tarefas seriam praticamente impossíveis de serem realizadas sem nenhum tipo de estresse. No entanto, você já deve estar careca de saber que níveis elevados de estresse podem ter consequências negativas: eles não só geram sentimentos de frustração, ansiedade e depressão, como também afetam negativamente o seu desempenho.
Segundo a Lei de Yerkes-Dodson, tarefas que requerem maior resistência (como tarefas diárias, tarefas de longa duração ou tarefas que demandam altos níveis de comprometimento) podem tirar proveito do estresse agudo. Contudo, a maioria das pessoas se sente mais à vontade com tarefas não urgentes, especialmente aquelas que são novas ou pouco familiares.
6 estratégias úteis para lidar com o estresse
Agora que você já entendeu algumas das causas do estresse e o impacto que este pode ter nas nossas vidas, está na hora de explorar algumas estratégias para controlar esse tão temido monstro.
Você perceberá que a lista a seguir nos faz mudar não só as nossas perspectivas, mas também o modo como gastamos o nosso recurso mais finito: o tempo. E isso não é nenhuma coincidência.
Priorize o importante, e não o urgente
Todo mundo sabe que é difícil fugir da lista de tarefas – especialmente com nossas rotinas atarefadas. É por isso mesmo que muitas pessoas ficam um pouco perdidas quando olham para todos os seus afazeres; afinal, é difícil saber por onde começar quando todas as tarefas apresentam prioridades semelhantes.
Um processo confiável, capaz de priorizar corretamente as suas tarefas, é uma ferramenta essencial para administrar o estresse.
Você pode simplesmente dividir as tarefas de acordo com o grau de dificuldade de cada uma ou então de acordo com o tempo que cada uma levará para ser realizada; contudo, um método bastante popular consiste em avaliá-las de acordo com dois critérios:
- Importância: Essa tarefa é importante para os seus objetivos pessoais e profissionais?
- Urgência: Essa tarefa precisa ser realizada logo? Há consequências negativas se ela for ignorada?
"De acordo com o Princípio da prioridade, é necessário saber a diferença entre o urgente e o importante e realizar, primeiro, aquilo que é importante." — Steven Pressfield em A guerra da arte.
Você já deve ter notado que a afirmação acima é bastante similar ao Princípio de Eisenhower, também conhecido como a Matriz Urgente-Importante:
Imagem: Unimed
Da próxima vez que estiver se sentindo um pouco desesperado com todas as suas tarefas, desenhe o esquema acima em um pedaço de papel. Ele poderá ser mais útil do que uma simples lista de afazeres.
No final do dia, o que esse esquema realmente faz é ajudar você a delimitar o verdadeiro valor das coisas: essa tarefa urgente de fato ajudará você a atingir os seus objetivos?
É por isso que devemos resolver primeiro aquilo que é urgente e importante: por conta do seu valor e do pouco tempo que ainda resta para que essa tarefa seja concluída.
Em seguida, pense naquilo que é importante, mas não necessariamente urgente: aquelas tarefas que podem se tornar urgentes se ficarem esquecidas por algum tempo, e que justamente por isso devem ao menos ser iniciadas antes do prazo.
Depois que já tiver passado pelos dois níveis mais importantes, parta para as tarefas que são importantes – mas não urgentes: responder e-mails, participar de reuniões e pagar contas. Eu sei que essas tarefas não são necessariamente valiosas, mas elas têm um prazo dentro do qual precisam ser realizadas. Se você estiver atolado com outras tarefas que se encaixem nos dois níveis que já mencionamos, não perca seu tempo com a caixa de entrada; afinal, não é porque você demorou um dia a mais para responder um e-mail que não atingirá os seus objetivos.
Temos ainda aquelas tarefas que não são nem importantes, nem urgentes: aquelas que podem ser negligenciadas sem grandes consequências e que costumam receber logo de cara aquele olhar de “hoje não”.
Não tenha medo de dizer “não”
Dizer “sim” para oportunidades inesperadas pode até fazer com que você tenha uma vida rica e interessante; mas o segredo para uma vida produtiva está em dizer “não”.
Se você é o tipo de pessoa que diz “sim” sempre que alguém pede um favor, com certeza os seus braços não estão mais aguentando o peso da sua lista de tarefas.
A verdade é que você não precisa estar sempre atarefado e cheio de atividades secundárias, até porque isso pode acabar escondendo aquelas oportunidades realmente importantes. Quando estiver em dúvida, use o esquema acima para pontuar as tarefas que podem seguramente ser recusadas.
Dizer “não” pode ser difícil, ainda mais se você é do tipo que se sente obrigado a ajudar os outros. Eu sei disso. Mas lembre-se de que você não é babá das outras pessoas – e que você precisa se colocar em primeiro lugar para só então poder cuidar dos outros.
E se nada disso funcionar e você continuar dizendo “sim” para todo o mundo, adote o lema de Derek Silvers, palestrante do TED:
Se você não está dizendo “CLARO QUE SIM!” para alguma coisa, então diga “não”.
Olhe para a academia com outros olhos
Ninguém precisa ir para a academia só para ter um corpo sarado. Aliás, você sabia que esse espaço de atividades físicas também pode ajudar a mente e o bem-estar?
O exercício físico libera endorfinas, os analgésicos naturais do corpo humano. As endorfinas ajudam a aliviar a tensão e também melhoram a qualidade do sono – reduzindo, portanto, os níveis de estresse. Se você não gosta de puxar ferro na academia, não se preocupe: míseros cinco minutos de exercício aeróbico já ajudam, e muito. O importante é adotar a atividade física e torná-la parte da sua rotina, pois é ela que pode alterar o modo como você reage ao estresse.
Outra opção é exercitar a mente com a meditação de atenção plena. Estudos recentes mostram que a prática da meditação pode ajudar você a controlar o modo como a sua mente reage a estressores internos, como aqueles pensamentos improdutivos que acabam gerando sentimentos de ansiedade.
Não tenha medo de se desligar do mundo
Um estudo realizado pela Associação Americana de Psicologia mostrou que os “checadores constantes”, ou seja, as pessoas que estão constantemente acessando redes sociais, relataram altos níveis de estresse – especialmente se comparados a pessoas que não tinham o costume de acessar o Facebook diariamente.
Aqueles que afirmaram acessar seus e-mails constantemente, aliás, atingiram os níveis mais elevados de estresse.
Ninguém aqui está querendo negar a importância das novas tecnologias e a relevância que elas têm no mundo moderno; contudo, elas também são as responsáveis por nos deixarem conectados 24 horas por dia.
Por isso mesmo, sempre que você estiver se sentindo esgotado, tente se desligar das redes sociais:
- Desative as notificações do seu celular e de outros dispositivos.
- Use a extensão Stay Focused do Chrome para bloquear as redes sociais por um período de tempo.
Deixe com os robôs – ou com os outros
Abrir mão de algumas tarefas não significa abrir mão do poder, mas sim dar a si próprio um tempo de descanso para poder investir em coisas mais importantes.
Por exemplo: que tal gastar entre cinco minutos e uma hora para automatizar e terceirizar alguns dos seus processos e reduzir o seu nível de estresse?
Outra opção pode ser adotar serviços como o IFTTT (para a sua vida pessoal) e o Zapier (para o trabalho). Por mais que ainda estejam em inglês, esses aplicativos podem ajudar você a administrar melhor o tempo normalmente gasto com tarefas tediosas e repetitivas.
Veja abaixo um exemplo do Zapier. Nele, há um fluxo de trabalho responsável por coletar conteúdos gerados pelo usuário. Esse fluxo de trabalho também faz o download das fotos de acordo com uma hashtag específica e armazena todo esse conteúdo diretamente no Dropbox.
Você também pode criar o hábito de avaliar os processos mais comuns dentro da sua rotina com o objetivo de determinar se é possível simplificá-los ainda mais ou até mesmo reduzir os níveis de esforço e concentração que eles demandam. Pense nisso como um pequeno investimento de tempo – com uma grande recompensa a longo prazo.
Crie algo que seja importante para você
Os franceses chamam isso de raison d’être. Os japoneses, de ikigai. Os brasileiros provavelmente chamariam isso de vocação. O nome não importa, mas sim o que ele representa: esse conceito existe em diversas línguas e culturas e simboliza aquele talento único que cada pessoa carrega dentro de si.
Pode ser perigoso apostar todas as suas fichas em um único jogo – seja ele o seu trabalho ou o seu relacionamento; afinal, se algo der errado, será difícil remendar os danos sem que isso afete outras áreas da sua vida.
A ideia de criar mais tarefas para que a sua vida seja menos estressante pode parecer incongruente, mas lembre-se: o estresse não se mede pela quantidade de tarefas por fazer, mas sim pelo modo como você reage a elas.
As possibilidades são várias: você pode pintar, escrever, criar um blog, começar um novo curso, criar uma nova empresa, se associar a um clube... No fim das contas, o importante é ter algo que você possa controlar. Assim, mesmo quando a vida ficar fora do seu controle, você terá um lugar seguro para descansar.
Os trabalhos criativos, aliás, podem ajudar não só a reduzir os níveis de estresse que você está acumulando por conta do seu emprego mas também a diminuir o potencial e a frequência do esgotamento mental e emocional.
O importante é compreender
Todos nós sabemos que o estresse pode ser um fardo mais pesado do que imaginávamos; contudo, ele também pode ser uma fonte poderosa de energia.
Vou contar um segredo: repensar a nossa relação com o estresse e criar uma conscientização em volta desse problema – especialmente quando estamos cheios de tarefas ou quando estamos tranquilos mesmo com um prazo assustador – é um dos melhores truques de produtividade do mercado.
Digo isso tudo porque o estresse não é de todo uma coisa ruim. Ele é um dos motivos pelos quais ainda existimos. Por isso, está na hora de transformar esse monstro em um animal de pelúcia – e viver uma vida mais tranquila e feliz.
Sobre a autora
Carolina Walliter é escritora, tradutora, intérprete de conferências e editora-chefe do blog da Shopify em português do Brasil.
Post original em inglês: Braveen Kumar
Tradução e localização: Marcela Lanius
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